Texto em português do Alentejo ...
Texto em português do Alentejo (região de Portugal)
Texto de
uma alentejana:
Abalei...
Eu -
Abalei às 15h…
Ele - Tu
o quê??
Eu -
Abalei…
Ele - O
que é isso?
Eu - Ora,
fui-me embora…
Todo o
bom alentejano “abala”, para um sítio qualquer, que normalmente é já ali. O ser
já ali é uma forma de dizer que não é muito longe, mas claro que qualquer
aldeia perto aqui no Alentejo está no mínimo a cerca de 30km. Só um alentejano
sabe ser alentejano!
Um
alentejano “amanha” as suas coisas, não as arranja, um alentejano tem “cargas
de fezes”, não tem problemas, um alentejano vai “à do ou à da…” não vai a casa
de…, um alentejano “inteira-se das coisas” não fica a saber… No Alentejo não há
aldrabões há “pantomineiros” e aqui também não se brinca, “manga-se”.
No
Alentejo não se deita nada fora, “aventa-se” qualquer coisa e come-se
“ervilhanas” ou “alcagoitas” (amendoins) e “malacuecos” (farturas). Os
alentejanos não espreitam nada nem ninguém, apenas se “assomam”… E quando se
“assomam” muitas vezes podem mesmo ter dores nos “artelhos” (tornozelos)!
As coisas
velhas são “caliqueiras” e muitas vezes viaja-se de “furgonete” (carrinha de
caixa aberta), algo que pode deixar as pessoas “alvoreadas” (desassossegadas).
Quando algo não corre bem, é uma “moideira” (chatice) e ficamos “derramados”
(aborrecidos) com a situação, levando muitas a vezes a que as pessoas acabem
por “garrear” (discutir) umas com as outras e a fazerem grandes “descabeches”
(alaridos).
“Ainda-bem-não”
(regulamente) as pessoas tem que puxar pela “mona” (cabeça) para se
desenrascarem quando muitas vezes a solução dos seus problemas está mesmo
“escarrapachada” (bem visível) à sua frente.
Não estou
“repesa” (arrependida) de ter escrito esta pequena crónica, com vista a lembrar
detalhes do património oral que nos é tão próximo e muitas vezes de “bradar”
aos céus. “Dei fé” (pesquisei) a algumas expressões e tentei não vos criar, a
vós leitores, uma grande “moenga”, apenas quero que guardem algumas destas
expressões na vossa “alembradura” (lembrança)!
Olinda
Leal
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