Lisboa, minha cidade...

 

 








 
 
 
 














Minha Lisboa, cidade casada com o sol, de ruas cantadas num Fado antigo.
Nela, descobri-me em sonhos, à beira de um rio de luzes e cores. Brinquei, em jardins sobre telhados quebrados, com avós emprestados de olhos brilhantes, filósofos de fadas com colos de amor. Ainda menino, a caminho de já não ser, crescia com as noites de poesia e prosa, aprendendo em pressas a vida que não queria.

Lisboa, Lisboa entre colinas é a minha cidade!
Lisboa com cheiro a sardilheiras.
Cidade Mãe, de janelas bordadas em colinas cansadas de tanto labor. Lisboa que me acarinhou as vontades, limpou-me lágrimas e embalou meus amores. Lisboa amante, e sempre mulher, de leitos de linho, lavado de branco, cheirando a sabão de cravos, nas almofadas de manjericos. Cidade bonita, senhora e menina, de prédios galantes, erguidos na ânsia larga das avenidas. Lisboa, serena e doce, nas tardes de Verão, dos livros devorados em bancos de jardim, o tempo esquecido nas margens dos lares de cisnes e patos em alegre grasnar. Lisboa varina atrevida, fadista e brejeira, que acolhia nos braços e consolava com beijos quem morria de amor.

Hoje moderna, e cheia de pressa, de ruas repletas de gente que acode à urgência da vida que escorre entre os dedos. Lisboa de varandas, vazias das sardinheiras criadas com amor, agora desenhadas com elegante desapego por quem a história lhe roubou. Cidade maltratada, de ventre rasgado, com cheiro de lixo e obras paradas, roubando-lhe a beleza num fado de dor. Lisboa vazia, dos filhos que já não tem, presa em vaidades que não as suas, pejada de estranhos que não lhe conhecem a alma. Mas Lisboa sabe - contaram-lhe as gaivotas que a visitam pela manhã - que mesmo perdida, suja e esquecida, qual mulher da vida desprezada e dorida, será eternamente menina, e linda e pura, aos olhos de quem nela cresceu e (para) sempre a amou.

Abraços e Beijinhos.

Sempre vosso,
José










 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 


 


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